O que muito hoje a humanidade necessita? Refletir...
Precisa buscar ajuda... Permitir-se intuir...
Encontrar caminhos para si e fazer-se companhia
Apoiar-se em Deus, dar créditos aos seus
Reencontrar-se com a VIDA e a POESIA.

É um convite a pensar, conversar
Meditar com palavras explícitas
Implícitas experiências do Coração
Dar mais um espaço à EMOÇÃO!
"...a POESIA é para comer, senhores..."


terça-feira, agosto 05, 2014

A última entrevista de Clarice

    Nessa entrevista, Clarice já sabia que estava doente... Já sabia que seu tempo, na condição física, findava, e sua partida estava bem próxima à sua porta (nosso espírito sabe o que ainda em nossa mente não cabe)...  Pouco tempo depois, partia para a eternidade a escritora, nascia mais uma estrela a nos iluminar, chamada... Clarice Lispector.

           No vídeo (*), podemos ver a escritora... Para uns, séria, misteriosa, impaciente... Para outros, tímida, triste, reservada, serenamente angustiada... Uns a percebem estática; outros, inquieta a fumar e fumar...  A verdade é que todas as percepções estão corretas, genericamente falando... E a mais verdadeira de todas, como ela mesma diz: cansada!
           Havia (e há no vídeo) tudo isso e muito mais:  Um ser humano que não se acostumou com as nuances de ser, nessa existência limitada - somada aos moldes que tentam mais e mais incrustar tentáculos limitadores - com o sentir do infinito fluindo nas veias... (e um poeta não se permite moldar, rótulo ganhar, por uma incapacidade de ser o que uma só máscara quer mostrar...). E havia mais... Toda a vida, a que conhecemos, se esvaindo... Perceptivelmente, fisicamente, sentidamente... Doente! Seu espírito prestes a perder as amarras, e a fôrma dos medos incutidos sendo aflorada, descortinada...

         "Intrigante, Clarice!", expressão mais falada, pensada, sentida até hoje... E por quê? O controvertido, a raiva, o incontido e muito mais estão a jorrar até quando ela se cala, e nas entrelinhas da conversa... Não é comum vermos alguém estar no "ápice de estar sendo", e isso é também espantoso!  Não, esse nosso mundo não está acostumado ao revelado... Onde nos ensinam a dissimular, mascarar, obedecer os sentidos doutrinários da sociedade; onde alguns dizem, até, que não somos humanos, enquanto não nos 'formatamos', segundo a educação e a 'estipulação do conveniente'... Se não nascemos humanos, segundo essa corrente, então quem somos? O que aqui viemos fazer realmente?  
            (... ...) E, talvez estando prestes 'a morrer', poderemos nos revelar em controvérsias e verdades de sentir, mesmo sendo isso algo inusitado e estranho de entender; por nunca terem valorizado, realmente havido interesse de conhecer quem somos (só quem querem que sejamos), ou nos ensinado a plenitude das palavras... Viver e Ser!

(*)      Essa entrevista foi realizada em fevereiro de 1977, mas só foi ao ar depois de sua morte, a pedido da escritora...  Clarice partiu em 9 de dezembro de 1977, e deixou para quem quiser ver: as máscaras não nos cabem, principalmente quando o espírito está prestes a voar... Mas nos são apresentadas como opção da verdade, e, então, escolhemos uma... Até que...
(**)     Clarice não tinha sotaque francês ou qualquer outro... Tinha uma 'língua presa', com severos problemas de dicção (Freud explica...)  - Ah! Clarice não morreu devido complicações do cigarro...[existem pesquisas que os relacionam, assim como existem mulheres que nunca fumaram, beberam, no "interiorzão" do mundo e mesmo assim desenvolvem tumores...] Não somos contra ou a favor de quem fuma, pois "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é", ou do que se tornou... Sabe mais de si (ou não!), ou tenta aplacar a verdade de ser ou não ser, neste mundo nosso de cada dia...  Se, verdadeiramente,  analisarmos essas questões, outras 'drogas' liberadas são tão ou mais nocivas ao homem e aos os que estão à sua volta, como a bebida, ou as "drogas sociais", por exemplo... Como as questões do alcoolismo (especificamente) e, ainda, sobre a direção, como "diversão" irresponsável e desmedida, que tira vidas... (Com relação a isso, também,  deveria ter uma Lei Nacional muito mais abrangente, reforma de códigos jurídicos, e não somente a prática de multas e blá, blá... de fianças e blá, blá... Isso se fôssemos, com verdade, analisar o que seria melhor para toda uma sociedade... ).  Existem, sim, diversas explicações para se morrer (a maioria difícil de entender, e muito dolorido; por isso há que se ter o respeito devido) e apenas um motivo: o fato de estar vivo! (este que, graças aos céus, ao Pai, não pode ser manipulado, controlado., embora pareça...) Assim, temos conjecturas e explicações convenientes sobre a vida, mas o que importa na morte (ainda que pouco compreendido) é:  O meio, um motivo, para "voltarmos para casa"... 
___A última entrevista de Clarice Lispector concedida a Júlio Lerner, em 01/02/77, transcrita: http://www.revistabula.com/503-a-ultima-entrevista-de-clarice-lispector/
(***)  Mais sobre Clarice Lispector : http://pt.wikipedia.org/wiki/Clarice_Lispector


      "Viva! Faça, refaça! Seja!
       Sonhe! Acredite em si mesmo, realize!
       Mesmo com correntes contrárias;
       nada está em definitivo definido.
       Reconheça-se! Veja e reveja! 
       Buscando sair do padrão "triste e solitário", 
       que aparece como sintoma do que não se é...
       Desnude-se buscando ser, pois o mais 
       só poderá ser conhecido, vivido 
       quando não houver mais espaço 
       para o espírito ser contido..."
       (Valéria Milanês)

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